
Demonstrarei
minha gratidão sempre. E até quando tiver com medo, um pouco bravo ou
querendo ficar sozinho. Porque demonstrar o que sinto é tão natural pra
mim quanto parar no poste, na árvore ou no hidrante e levantar a pata de
trás. Demonstrarei meu sono com muita cara de sono e corpo molenga de
quem quer dormir. E também demonstrarei minha vontade de acordar,
espreguiçando bastante e depois indo te acordar com lambidas no rosto.
Demonstrarei
minha fome ainda que seja só gula. E minha gula ainda que sem fome
nenhuma. Demonstrarei minha antipatia aos fogos de réveillon, ao carro
de som e à chuva com trovão; ainda que goste ficar procurando de onde
vem essa água toda que cai em gotas em cima de mim. Demonstrarei minha
solidariedade quando você estiver trabalhando em casa ou lendo jornal,
ficando deitado ao seu lado, seja no sofá, no escritório ou na varanda. E
se quiser brincar, estarei pronto pra saltar do chão e correr pela casa
até ficar com a língua toda pra fora.
Ao
passear pela rua, ainda que no passo ligeiro e fuçando tudo,
demonstrarei meu respeito (e meu medo de te perder) te olhando nos olhos
de vez em quando com meu sorriso de cão. Sou feliz porque me escolheu
aquele dia na feirinha de adoção. E deixar de demonstrar isso eu jamais
deixarei.
Te amo,
Cão.
Texto de Rogerio Rothje
Twitter: @rogeriorothje
Fonte: CAPA - Clube dos Amigos e Protetores dos Animais
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